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Lembranças
LEMBRANÇAS
Por que, num dia claro, sol radiante, temperatura cálida, a melancolia chega de mansinho, a tristeza bate à porta e a saudade invade o coração? Por que o calor do dia não penetra a pele fria e aquece a alma enregelada? Por que, também num dia cinzento, friorento, meu ninho se incendeia como se fosse candeia, fazendo-me quente por dentro? Será que uma certa presença faria alguma diferença? Não sei. Você a meu lado é tão infrequente, inconsistente, incoerente e não se explica. O exterior não se comunica com o meu interior. Vive a parte. Mas, às vezes, os dois se entendem. Hoje, por exemplo, o dia está lindo, meu coração sorrindo e eu cheia de graça. Mas você passa na minha porta e não bate. O barulho do cão que late é do vizinho e não o eu. Nada disso afeta a minha brincadeira predileta: Escrever. O poeta, que em mim vive, desperta, canta sorrindo, chora mentindo e depois vai embora. Mas deixa comigo seu calor. Estou resguardada num abrigo à prova de bala, de desprezo. Comemoro os amigos que tenho, celebro a vida de hoje e de outrora. A lembrança rememora um dia de inverno, bem gelado. A neve lá fora e nós dois aquecidos em casa. Foi um sonho ou realidade? Deixou tanta saudade guardada no álbum da memória... Hoje estou contente, coerente. e o dia lá fora sorridente. Tudo em plena harmonia, transforma-se em melodia, que inunda meu coração. Contrastes? Semelhanças? Lembranças de um dia de inverno que, para mim, era verão.
Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 08/06/2021
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